Isabella Pellegrini - turma de 2021 Qual o papel do profissional de educação física na rede de cuidado à saúde? Essa foi a questão que permeou minha atuação nesses dois anos de Residência Multiprofissional em Saúde da Faculdade de Medicina da Unicamp. Por ser da primeira turma de residentes da educação física e por não haver outros profissionais dessa área nos espaços de atuação, o desafio foi tão grande quanto a liberdade que tivemos para explorar, dentro do nosso escopo de estudo, formas de somar, à cada equipe e com as ferramentas disponíveis em cada espaço, no atendimento ao público. No primeiro ano, nos Centros de Saúde, encontramos espaços para a educação em saúde, a prevenção das doenças e o cuidado, principalmente dos pacientes com doenças crônicas. Criamos fluxos e protocolos de atendimento, identificamos demandas e criamos grupos de exercício para a população local. Ainda nos envolvemos com ações de conscientização e campanhas, como a de vacinação de Covid-19. No segundo ano, os campos de atuação foram diversificados. Psiquiatria, Cardiologia, Oncologia, Cirurgia Bariátrica, Centro de Estudo e Pesquisa em Reabilitação, Infectologia, Ambulatório Geral de Adultos e Geriatria. O aprendizado em cada espaço foi único e dependeu do aprofundamento em estudos de patologias que nos deparamos no dia a dia do consultório, bem como, nas recomendações para prescrição de exercícios para cada população, sempre baseado em evidências científicas. Ainda que as condições de atuação tenham sido bastante desafiadoras sinto que, para além do currículo, carrego uma experiência bem rara de poder atender tantos pacientes no contexto do SUS e compartilhar o conhecimento em torno da atividade física com a sociedade e profissionais que atuam no cuidado à saúde. |
Caroline Machado - turma de 2022 O significado que dou à Residência Multiprofissional é o de sair da zona de conforto. Neste programa é necessário ampliar o campo de visão, enxergar as possibilidades e aprender com as dificuldades, olhar para o paciente de forma humanizada, entender seu contexto e sua história, bem como trabalhar com as possibilidades que o SUS oferece. Mensurar o aprendizado que a Residência me trouxe parece um tanto quanto difícil. No primeiro ano foi possível entender na prática como o Sistema Único de Saúde funciona na atenção e cuidado às pessoas, o trabalho em equipe multiprofissional me permitiu um olhar ampliado sobre questões que, às vezes, não atravessam a minha profissão, mas atravessam a vida do paciente que cuido e, portanto, merecem atenção. Aulas coletivas, visitas domiciliares, territorialização, ações em saúde, confraternizações, reuniões de equipe, atendimentos compartilhados e amizades são algumas das experiências que guardarei do R1 no Centro de Saúde, e que sem dúvidas deixarão saudades. Durante o segundo ano, a atenção especializada trouxe uma profundidade e complexidade em doenças crônicas que exigiu muito estudo. O trabalho deixa de ser em equipe e passa a ser em núcleo, com reabilitação vestibular, cardiovascular, psiquiatria, cirurgia bariátrica, pacientes soropositivos, oncológicos, idosos frágeis e crônicos. O aprendizado técnico e teórico sobre as condições de saúde são diários, apesar da ausência de preceptoria em campo com um profissional de Educação Física, é possível aprender e questionar durante as discussões de casos em cada ambulatório, bem como através das tutorias de núcleo. A Residência me desafia dia a dia, me permite aprender sobre temas que jamais imaginei ter contato e me faz crescer e evoluir não apenas no âmbito profissional, mas também pessoal. |
Thomas Poll - turma de 2023 No início da minha carreira como profissional de educação física, eu nunca imaginei que minha trajetória me levaria a trabalhar na atenção primária à saúde. Sempre fui apaixonado por esportes e atividades físicas, e minha formação acadêmica estava voltada para esse lado mais esportivo da Educação Física. No entanto, após reviravoltas da vida, me vi trabalhando em um ambiente completamente diferente do que eu havia planejado: um centro de saúde na atenção primária. Minha transição para a atenção primária à saúde foi marcada por insegurança e dúvidas. Eu não tinha experiência em lidar com pacientes com condições patológicas diversas, e o ambiente de trabalho era completamente diferente do que eu estava acostumado. Ao invés de quadras esportivas e academias, eu estava em uma sala de atendimento médico, rodeado por profissionais de saúde de diversas áreas, como médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. O início foi desafiador, me senti fora da minha zona de conforto e a insegurança estava sempre presente. Tive que aprender, e continuo aprendendo, sobre as diferentes patologias, as necessidades específicas de cada paciente e como adaptar meus conhecimentos em educação física para atender às demandas da atenção primária à saúde. Sem dúvida é uma área cheia de oportunidades de crescimento profissional que nunca teria encontrado em meu caminho anterior. Ajudar a melhorar a qualidade de vida de pessoas da minha comunidade me mostra a importância da área profissional que escolhi. Ver pacientes melhorando devido a prática da atividade física traz uma satisfação muito grande e, com certeza, traz sentido para o trabalho que venho desenvolvendo. Além disso, trabalhar em equipe com outros profissionais de saúde me ensinou a importância da abordagem multidisciplinar na atenção à saúde. A troca de conhecimento e experiências com médicos, enfermeiros, psicólogos e fonoaudiólogos ampliou meu entendimento sobre o cuidado integrado do paciente. Com o tempo a insegurança não desapareceu, mas começou a dar espaço à confiança. O crescimento como profissional é inevitável, não apenas por adquirir conhecimentos técnicos, mas também por continuar desenvolvendo habilidades interpessoais e de comunicação, essenciais para o trabalho do profissional de Educação Física. |
Rhuan Marquezini - turma de 2023 Ingressei na residência com o objetivo de aplicar meu conhecimento em atividade física e para contribuir positivamente para a saúde das pessoas com doenças crônicas não transmissíveis. Ao desenvolver programas de exercícios personalizados e fornecer orientações educativas, tenho visto muitos pacientes melhorarem sua condição de saúde de maneira eficaz, o que frequentemente contribui para o tratamento clínico. A educação desempenha um papel crucial em nosso trabalho; explicamos aos pacientes como a atividade física pode beneficiar sua saúde cardiovascular tanto na diabetes, quanto na hipertensão, assim como, o ganho de amplitude de movimento articular é uma parte essencial da nosso atuação. Nesse sentido, é gratificante observar como eles se tornam mais conscientes de suas escolhas de estilo de vida e como isso afeta positivamente sua saúde. Em resumo, minha jornada no primeiro ano como residente de Educação Física na Atenção Primária tem sido uma experiência enriquecedora e significativa. Trabalhar com pacientes que enfrentam doenças crônicas me permitiu aplicar meus conhecimentos de forma prática, contribuindo para melhorar a saúde e o bem-estar da população. Estou empolgado para continuar esse trabalho no próximo ano da residência, agora na Atenção Hospitalar. |