Marília Martins Bandeira desenvolve sua pesquisa de doutorado sobre políticas públicas para práticas de aventura (segundo definição oficial brasileira, desafios físicos lúdicos e/ou competitivos realizados em contato com ambiente ou fenômenos da natureza) sob orientação da Profa. Dra. Sílvia Cristina Franco Amaral. Seus resultados preliminares apontam que o controle de risco e a disputa pelo direito de sua exploração comercial entre entidades do esporte e do turismo são os temas dos projetos de lei e programas nacionais e regionais sobre o tópico.
Diante de obstáculos do trabalho de campo, com o objetivo de aprimorar sua metodologia e ampliar sua revisão de literatura, ela foi contemplada com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para realizar um estágio de pesquisa no exterior por um semestre. A supervisora escolhida foi a Profa. Dra. Belinda Wheaton por ser uma das mais experientes publicadoras em pesquisa qualitativa e práticas de aventura, em específico etnografia na fronteira dos Estudos do Lazer com a Sociologia do Esporte, e também organizadora de várias coletâneas sobre práticas corporais alternativas, que articulam pesquisadores de diversas partes do mundo.
Marília nos conta que na época do intercâmbio, a Dra. Wheaton se transferiu da universidade de Brighton (Inglaterra) para a Universidade de Waikato (Nova Zelândia), o que beneficiou ainda mais sua pesquisa, por dois motivos. Primeiro porque a Nova Zelândia é referência mundial em aventura e o acesso aos dados neozelandeses inspirarão outra perspectiva ao interpretar o caso brasileiro. Segundo, ela ressalta que os professores da área de Educação Física da Universidade de Waikato são mundialmente conhecidos por sua especialidade em pesquisa qualitativa, tendo criado o congresso internacional Ethnography Across the Disciplines, em 2010. Muitos deles, pioneiros em estudos sobre práticas alternativas, como o Prof. Dr. Robert Rinehart e a Profa. Dra. Holly Thorpe.
De acordo com Marília, na Universidade de Waikato a Educação Física e o departamento de Estudos do Lazer e do Esporte estão na Faculdade de Educação. A biblioteca é centralizada, mas tem um bibliotecário para cada departamento e é possível marcar sessões de atendimento individual com eles. Além de a biblioteca oferecer workshops regulares, muito frequentes, sobre as ferramentas de busca e sistema da própria universidade, bases de dados online e softwares (de armazenamento e organização de referências e de análise de dados, como o Endnote, Zotero e Envivo, por exemplo), o bibliotecário do departamento procura ensinar a otimizar o uso destas ferramentas e estratégias para cada tema de pesquisa específico. Além disso, Waikato tem um serviço para o auxílio da aprendizagem dos alunos, o Student Learning, composto por especialistas em inglês, matemática e educação no ensino superior.
O Student Learning oferece material e auxílio online e workshops presenciais não obrigatórios semanais para alunos de graduação, apenas para alunos internacionais e apenas para alunos de pós-graduação (tendo como conteúdos a estatística, a norma culta da língua, estratégias de leitura e escrita científicas, normas técnicas e formatação e a estrutura de trabalhos acadêmicos), além de seus tutores também receberem os alunos para sessões individuais, mediante agendamento, para tirar dúvidas ou realizar pequenas revisões. Os workshops semanais só para doutorandos, alternam assuntos como redação científica (da estrutura de uma introdução e conclusão até pontuação) com o que é uma qualificação e uma defesa, como lidar com a banca, como organizar seu tempo quando você não tem bolsa, entre outras dicas muito práticas e tão necessárias, que não são conteúdo de disciplinas.
Além disso, há uma secretaria só para o suporte dos alunos internacionais (a maioria dos alunos de doutorado de Waikato são estrangeiros, vindos principalmente da Asia, Oriente Médio e Ilhas do Pacífico). É notória a preocupação da Universidade em ser um ambiente multicultural acolhedor, que proporciona aos alunos com as mais variadas bagagens e oportunidades, que acessem as informações e instrumentos necessários para alcançarem o patamar de conhecimento esperado de um aluno universitário. Nas diversas outras ações organizadas pelo Diretório Acadêmico e Associação de Pós-graduandos, como rodas de conversa para a troca de experiências, encontros de apresentações dos funcionários, e eventuais almoços com falas de professores que são elegidos conforme os interesses de pesquisa da maioria, também fica explicita a preocupação com o bem estar psicológico dos alunos e auxílio profissional é consistentemente oferecido.
Segundo Marília, ao acompanhar a disciplina de Metodologia da Pesquisa oferecida por sua supervisora e participar dos workshops para alunos internacionais, de pós-graduação e ser atendida individualmente na biblioteca e para revisão da escrita do inglês acadêmico: - "esta rica, ativa e eficiente estrutura, tem propiciado a melhor experiência possível. Em dois meses, todos os objetivos do meu estágio de pesquisa no exterior tem sido não só atingidos, como otimizados".